terça-feira, 24 de agosto de 2010

O ônibus nosso de cada dia

Quem nunca precisou pegar um busão na vida hein?!

A viagem de ônibus é sempre uma alegria só. Ô Coisa boa é o transporte público, ainda mais aqui em Brasília. Só o ouro.

Tudo começa na parada, lá conseguimos ler livros e revistas inteiras enquanto o ônibus não vem, podemos ficar conversando com algum conhecido e falar sobre tudo que se tem pra falar. Às vezes até aparece uma paquerinha de leve. Isso até o milagroso momento em que aparece o bendito, nosso baú. É um alívio desgramado pois já estamos numa agonia da moléstia pra chegar onde temos que chegar e essa coisa tão útil pra nós, nuca passa no mesmo horário. Aêê Felicidade!! Agora entra que eu quero ver, a educação dos nossos companheiros de parada é demais, todo mundo dá a vez pro outro... entrar por último. Salve-se quem puder, quem chegar primeiro se aperta pra entrar em décimo quinto, e olhe lá!

Agora entramos no ônibus, o motorista geralmente ta num ânimo só, com aquela educação de seu Lunga e pede pra gente entrar logo. O cobrador toda vez nos cumprimenta elegantemente com um silêncio admirável e uma cara de quem não dormiu a noite ou de quem acabou de acordar. Ah! Isso quando conseguimos chegar até o cobrador.

Aquele baú lotado é o que mais me anima, ver quantas pessoas estão na mesma merda que eu é consolador. Mas damos um jeitinho; aperta aqui, espreme ali, encolhe aculá e se apóia onde der. Nem pense em tirar a mão ou o pé do lugar senão já era, vem outra e toma seu grande minúsculo espaço de conforto. Agora o desesperador mesmo é quando alguém tenta passar lá pra traz. Ai meu Jesus Cristinho. Parece que vão atravessar uns aos outros é horrível isso aí. Ô esfregação constrangedora que é preciso agüentar esse momento.

E nessas viagens sempre há os nossos velhos amigos de cada dia. “Pessoal, eu podia ta matando, eu podia ta roubando, mas to aqui me aumilhando e pedindo pra voceis me ajudar, que eu tenho doze criança lá em casa tudo só insperando pra mim levar a cumida pra eles, ô pessoal, pode ser cinco centavo, dez centavo o que voceis tiverem”. Bom isso não é engraçado, se você puder ajude, o que eles vão fazer com o dinheiro é problema deles, Deus ta olhando sua boa intenção. Mas o que mais me intriga é o fato de serem sempre pessoas diferentes e o texto geralmente ser o mesmo, até a entonação da voz (!). Bom, deve ter um cursinho pra isso também.

Não se esqueça dos barraqueiros de plantão, sempre há aqueles que gritam, brigam com o motorista, com o cobrador, com os passageiros e acham que estão na razão de passar aquela vergonha toda, que coisinha mais constrangedora essa né?

E os tarados, não ia esquecer dos tarados! Sempre tem aquele espertinho que se aproveitando do ônibus lotado, fica encostando-se às moças, senhoras e até nos homens. Que coisa mais nojenta e irritante. Se você é assim meu nobre colega, tome vergonha na cara e não faça mais isso.

Agora tá na moda o som alto. De um lado um vem ouvindo um technobrega, o outro ouve funk proibidão, outro ouve rap nacional, outro internacional e sempre tem um “culto” que ouve um MPBzinho, legal esse aí... se não estivesse no volume máximo. Bando de sem noção comprem um fone de ouvido, seu direito termina onde começa do outro, ninguém precisa gostar das mesmas coisas que você sempre há alguém precisando dá uma descansada, estudar um pouco, ficar quieto, sei lá, fazer qualquer coisa menos ouvir sua música.

 Quando aprendermos a respeitar uns aos outros. Obedecer aos direitos preferenciais dos idosos, gestantes, deficientes, pessoas com crianças de colo. Quando começarmos a cobrar (e cobrar de verdade) das autoridades competentes nossos direitos de ir e vir e de dignidade, com certeza nossa viagem será muito mais tranquila e o trânsito, consequentemente, muito menos caótico.

Um comentário:

Fernanda S. Gonçalves disse...

Muito bom seu texto, o mais engraçado é que você narra de uma forma engraçada uma coisa que de engraçado nada tem! Parabéns... Aguardando novos posts.